As Minas de prata – José de Alencar | Clássico do Romance Histórico Brasileiro | NITROLEITURAS #resenha

Uma saga épica, enorme, doidimais, poética de um dos maiores mestres da literatura brasileira, o monstro José Martiniano de Alencar! Estava a fim de ler essa obra a muito, muito tempo, de tão comentada por mestres como Ariano Suassuna e Machado de Assis.

As Minas de Prata – José de Alencar | Kindle Edition, 846 páginas,1ª ed. 1865 | Nota 4 em 5 | Lido de 05.09.16 a 11.09.16

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SINOPSE

As Minas de Prata, de José de Alencar, é uma espécie de modelo de romance histórico tal como esse tipo de romance é imaginado pelos ficcionistas. Foi publicado sete anos depois de O guarani, sendo a edição original cinco volumes, em um total de mil páginas.

A ação passa-se no século XVIII, uma época marcada pelo espírito aventureiro. É considerado o melhor romance histórico do autor.

Sua composição é apoiada por estrutura narrativa coesa; a trama, habilmente conduzida, ordena-se criando uma ambiência variada e riquíssima. O estilo é largo e primoroso, e o claro domínio sobre o desenvolvimento da narrativa impede que a trama avance ou recue em demasia por conta de suas voltas e reviravoltas. Constitui referência fundamental para a história da literatura romanesca.

O livro retrata a Bahia do século 17, com vários personagens envolvidos na história das lendárias Minas de Prata.

ENREDO:
A fortuna prometida pelas lendárias minas de prata de Robério Dias teria o poder de decidir o destino da colônia. No entanto, para defender o Brasil e o grande amor que sente por Inês ou Inesita, Estácio filho de Robério Dias, teria que resgatar o roteiro das minas. Tal roteiro que fora deixado pelo pai de Robério Dias, Moribeca, antes de morrer.

Passados alguns anos, o padrinho de Estácio repassa uma carta deixada pelo próprio Robério Dias, pai do rapaz. A carta escrita à mãe do moço, há cerca de quatro anos, ainda estava selada mas trazia grandes informações.

Contudo, o maior problema do rapaz é o de ter um grande poder nas mãos sem saber usá-lo corretamente. Em meio a muitos altos e baixos, Estácio sempre justo, acaba por não desejar a riqueza material, mas salvar a honra do pai e casar-se com Inês. Enquanto que Padre Molina, ambicioso, visa destruir um império católico.

RESENHA
Sempre quis ler AS MINAS DE PRATA pela relevância dessa obra na literatura nacional, e para ver como se dava a prosa do romance histórico brasileiro do século 18. A minha curiosidade é de escritor, pelo vocabulário, o modo de narrativa, de criação de cenas, exposição e caracterização de personagens, etc.

Como me dedico à escrever literatura de fantasia, esse aspecto da linguagem ao tratar do passado histórico me atrai muito. E bem, nesse ponto de vista, AS MINAS DE PRATA é um banquete.

O estilo é bem rocambolesco, até mesmo para José de Alencar, mas é impressionante a poética e a sonoridade das construções. A complexidade sintática de muitas frases também me impressionou. Entretanto, os excessos românticos nas descrições são muitas vezes engraçados, mesmo quando as metáforas usadas são geniais. Nada é branco tudo é “alvo como as nuvens que cobrem como um manto de leite…” e por aí vai.

Se a barreira da linguagem for transposta pelo leitor, vai encontrar uma trama deliciosa, cheia de reviravoltas, ganchos doidimais, mistérios, e uma excelente descrição da sociedade do século 17. É também necessário contextualizar a produção da obra, vista dos dias de hoje, está repleta de sexismo, racismo, arrogância européia, elitismo, etc., que, ao meu ver, torna até mais interessante a leitura; dá para ver claramente de onde vieram tantos ranços, preconceitos e costumes horrendos da nossa sociedade.

O livro também tem uma enxurrada de termos que nunca tinha visto, só de ler suas 800 páginas, qualquer um sai com umas três toneladas a mais de palavras novas do português, no mínimo.

A narrativa contém também muitas cenas de ação, sangue, pancadaria, festivais coloniais, conspirações jesuíticas e reviravoltas mirabolantes, como um antepassado distante das novelas da Globo!

Curti muito, Alencar sabe muito bem como narrar e prender a atenção do leitor (de novo, tem que se acostumar com a linguagem arcaica, senão, não rola), sua construção de cenas e descrição, que apesar de excessiva para o leitor atual, são sensacionais, pinturas feitas de palavras. Notei a influência de Alencar no estilo barroco alucinógeno do Ariano Suassuna, é bem legar ver a conexão literária entre esses dois mestres.

Bem Fica a recomendação para quem curte literatura brasileira. É uma leitura desafiante mas prazerosa, e enriquecedora tanto pelo vocabulário como para conhecer a nossa literatura romântica e o modo como o século 19 via o século 17!

CITAÇÃO

“Do lado oposto, no estrado baixo que então fazia as vezes dos sofás e conversadeiras de moderna invenção, estava Elvira sentada; tinha o corpo escaído em frouxa atitude, os braços distendidos, as mãos cruzadas sobre os joelhos, a cabeça reclinada um tanto, os olhos fitos no relógio d’água colocado em cima do trumó, sobre o qual ardia uma vela de cera, eschamejando-se na face lisa e polida do espelho.

Os cabelos desatados pelas espáduas nuas ensombravam o perfil, amortecendo-lhe a cor; mas deixavam imergidas na claridade as evolutas suaves do colo soberbo, e dos seios que moldava o linho transparente. Traçando a curva graciosa de uma perna admirável, a roupa roçagante de fina beatilha frangia na orla, por onde escapava o pezinho nu, aninhado em um pantufo de veludo roxo.

Doce enlevo, ideal sublime de suave melancolia ou de vago cismar, quando a alma engolfada no silêncio e na soidão, partida entre as recordações que voltam e as esperanças que fogem, dói-se com a ausência do bem que fruiu, e enleva-se revivendo no gozo passado! Voluptuosidade inexprimível de mágoas doces e agros prazeres para o coração que sofre com o isolamento e praz-se nele! Hino sublime que o lábio português canta em uma só palavra — saudade!

Corriam os minutos; e ela não mudava de posição.

Os raios de luz brincavam com as gotas do róseo licor que estilavam a uma e uma do globo superior da ampulheta; a claridade decompondo-se nos rubis líquidos, formava um prisma brilhante em cujas irradiações se estereotipava a miríade de pensamentos que esvoaçavam na mente de Elvira. Cada gota era um instante que fugia, e com ele um feixe de esperanças.

Em que podia ela pensar a não ser nas festas a que não assistira, e em Cristóvão por quem mais sentia, que por ela, a privação daquele prazer?”


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