O terceiro volume TIJOLAÇO DE 1200 PÁGINAS VÉÉÉIO, da saga Stormlight Archive!
Oathbringer – Brandon Sanderson | 1243 páginas, Tor Books, (2017) | Lido de 18.11.17 a 27.11.17 | NITROLEITURAS #fantasia
SINOPSE
A aguardada continuação de Words of Radiance, a série Stormlight Archive, “best-seller” do New York Times, mostra que o popular autor de fantasia épica, Brandon Sanderson está em sua melhor forma!
Em Oathbringer, a humanidade enfrenta uma nova Desolação com o retorno dos Voidbringers, um inimigo com números tão grandes como a sede de vingança.
Os exércitos de Alethi de Dalinar Kholin ganharam uma vitória fugaz a um custo terrível: os inimigos Parshendi convocaram uma violenta Everstorm, que agora varre o mundo com destruição, e em sua passagem desperta os parshmen uma vez pacíficos e subservientes ao horror de sua escravidão de milênios por humanos.
Enquanto estiver em um vôo desesperado para alertar sua família da ameaça, Kaladin Stormblessed deve enfrentar o fato de que a recém-inflamada raiva dos parshmen pode ser totalmente justificada.
Aninhado nas montanhas acima das tempestades, na torre da cidade de Urithiru, Shallan Davar investiga as maravilhas da antiga fortaleza dos Cavaleiros Radiante e descobre segredos obscuros que espreitam nas profundezas. Enquanto isso, Dalinar percebe que sua santa missão para unir sua pátria de Alethkar era de alcance muito estreito.
A menos que todas as nações de Roshar possam deixar de lado o passado embebido em sangue de Dalinar e ficarem juntas – e a menos que o próprio Dalinar possa confrontar esse passado – até mesmo a restauração dos Cavaleiros Radiante não impedirá o fim da civilização.
RESENHA
As mil de duzentas páginas de Oathbringer lança os leitores em um mundo que está prestes a ser destruído. A Everstorm, detonada no volume anterior, circula o planeta, despertando os Parchment, uma raça de escravos dos humanos, ao mesmo tempo que destrói os reinos. E junto com a Everstorm, os Knight Radian precisam, mais uma vez, fazer os antigos juramentos e tentar defender a humanidade do poder do deus maligno Odium.
Como nos livros anteriores, Oathbringher revela o passdo de Dalinar, o Blacktorn, um High Prince sanguinário, e que busca unificar o reino de Alethkar para que possam enfrentar o perigo representado por Odium e seus Voidbringers.
A trajetória de Dalinar é trágica, e seu arco muito bem desenvolvido ao longo do texto, em paralelo aos arcos dos demais personagens, envolvidos com as consequências da chegada da Everstorm.
Gostei do modo como Brandon trabalhou Shallan nesse livro, usando o tropo das múltiplas personalidades, para revelar novos aspectos da personagem. O sofrimento psíquico pelas múltiplas personalidades evita com que a personagem ganhe aspectos de Mary Sue, ou seja, um personagem que é perfeito demais ao ponto de irritar o leitor, pois dá a protagonista várias habilidades extras sem que soe forçado.
Isso, ao meu ver, fez com que Shallan ficasse bem mais interessante!
A estrutura do livro mudou um pouco, com Kalain e Shallan com arcos narrativos mais curtos, lembrando episódios de uma série de televisão. Essa “serialização” de narrativas longas tem se tornado muito comum, pelo menos nos livros mais recentes de fantasia gringa que tenho lido.
Um dos temas recorrentes de Oathbringer é a investigação de segredos do passado, seja por buscas à bibliotecas ou através das visões de Dalinar, um artifício muito bom para criar uma espécie de flashback interativo, ou uma espécie de realidade virtual mágica.
Oathbringer também leva parte de seus personagens em uma espécie de “tour” pelo mundo de Roshan. A narrativa revela novos povos, suas cidades e seus costumes, chegando também a desvendar para o leitor alguns dos segredos sobre os “spren”, as entidades que lembram elementais ou fadas do universo da saga Stormlight.
A narrativa é muito bem construída, pois Brandon é o mestre das tramas mirabolantes de fantasia. Entretanto, Oathbringer carregou pesado no que os gringos chamam de “magicbabble”, ou blábláblá mágico, com o sistema de magia de Roshan atingindo níveis épicos de complexidade. Devo confessar que me perdi em algumas explicações metafísicas sobre “spreen”, “dimensões”, stormlight daqui e dali, etc., mas nada que uma pesquisada na internet não resolva.
Brandon também parece estar usando muito o que chamo de Magic Ex-Machina, quando um elemento mágico desconhecido anteriormente, aparece e resolve a situação. Mas é sempre muito bem feito e contextualizado, e a resolução fica integrada na proposta da obra.
O tema principal de Oathbringer, ao meu ver, é a AUTO-ACEITAÇÃO. Todos os personagens principais parecem buscar uma forma de se aceitarem como realmente são, ou fazerem as pazes com o que odeiam em si mesmos. O tema de “como lidar com o ódio”, é também abordado várias vezes e por diversos ângulos, assim como, o tema das diferentes maneiras que as mulheres buscam serem livres dentro das amarras culturais e expectaivas de sociedades machistas e marciais.
Os personagens se perguntam o tempo todo quais são suas motivações. Brandon Sanderson sempre faz seus personagens questionarem entre si o que realmente desejam.
Além dos protagonistas, o livro também se reparte em muitos outros pontos de vista, porém sem perder o foco da trama.
Brandon consegue um equilíbrio bom entre desenvolvimento de personagem e trama, mas fica claro que o foco principal é na trama que está sendo construída.
Entre esses dois polos principalmente para a literatura de fantasia mais comercial e mais acessível ao grande público
Como o segundo livro da saga, Oathbringer expande mais o ponto de vista dos Prashendi, principalmente por o ponto de vista da personagem Eshonai, trabalhando uma moralidade complexa e até mesmo tocando em temas de colonialismo e busca de identidade dos povos nativos durante o pós-colonialismo. Chique demais para uma saga de fantasia!
Oathbringer segue o estilo de Brandon de misturar fantasia com Fantasia Épica, com tropos vindos de animes, videogames e histórias de super-heróis, além, é claro, de um sistema de magia doidimais.
É também uma fantasia bem tradicional e clássica com homens maravilhosos, mulheres lindas e sedutoras, e heróis que se sentem mal a fazer algo que quebra moralidade, e sempre com uma corrente otimista rolando no fundo, aquela sensação que, de algum modo, o bem, definido pelo o universo da narrativa, vencerá.
Essa mistura parece ser um dos segredos da enorme popularidade de Brandon Sanderson, ao mesmo tempo que oferece aos leitores contemporâneos uma alternativa para a onda de fantasia brutal niilista sombria tão em voga atualmente. E viva a diferença!
Achei fascinante a introdução do Brandon no começo do livro, onde ele agradece os mais de seis editores que trabalharam no livro, à uma equipe enorme que coordena a wiki da saga Stormlight, e a quase uma centena de Beta Readers.
Eu não imaginava que ele tinha uma equipe tão imensa, o que explica em parte o enorme volume de produção do Brandon! Doidimais!
Oathbringer é um excelente capítulo da saga Stormlight, que, de certa forma, muda totalmente as “regras do jogo” e complica ainda mais a situação do mundo de Roshar. E fico no aguardo das próximas aventuras de Kaladin, Shallan, Dalinar, Eshonai, Szeth!
Recomendo!
Indicado para leitores que:
* Curtem o estilo e as obras do Brandon Sanderson, essa saga tem tudo que ele colocou em outras narrativas, mas elevado ao cubo!
* Curtem fantasia épica misturada com narrativa de super-heróis, dentro de um cenário ao mesmo tempo bizarro e familiar!
* Curtem fantasia de portal (que mistura outras dimensões), e tramas ultra bem trabalhadas, onde tudo que acontece tem um sentido final!
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TRECHOS
“Às vezes, um hipócrita é nada mais do que um homem no processo de mudança.”
– Brandon Sanderson , Oathbringer
“Amar a viagem é aceitar que ela nunca terá um fim. Eu descobri, através da experiência dolorosa, que o passo mais importante que uma pessoa pode tomar é sempre o próximo “.
– Brandon Sanderson , Oathbringer
“Aceitar a dor, mas não aceitam que você mereceu sofrer.”
– Brandon Sanderson , Oathbringer
“O poder era uma ilusão de percepção, como Jasnah tinha dito. O primeiro passo para estar no controle era ver-se como capaz de estar no controle.”
– Brandon Sanderson , Oathbringer
“Se você pudesse explicar algo perfeitamente, então você nunca precisa de arte.”
– Brandon Sanderson , Oathbringer
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